"Vou deixar a REN numa situação sólida e saudável e com boas perspetivas. O maior risco para o futuro da REN era que impostos, como o imposto extraordinário sobre a energia em 2013, se tornassem recorrentes. Mas a minha expectativa e dos acionistas da empresa é que isso não aconteça", afirmou o presidente da REN - Redes Energéticas Nacionais, numa entrevista à Lusa, um dia depois de ter anunciado que renunciara ao cargo antes do fim do mandato, que terminava no final deste ano..Para o gestor, "tirando esse risco, a empresa está hoje com perspetivas melhores do que nos últimos anos, fruto quer da sua solidez, quer da melhoria da situação do país"..Os resultados que a REN, gestora das redes de transportes de gás e eletricidade em alta, irá a apresentar na segunda-feira "vêm confirmar a solidez e a resiliência da empresa", afirmou..Ainda sobre a taxa extraordinária para o setor da energia, Rui Cartaxo esclareceu que, embora tenha discordado com a medida, tal como tornou público na altura em que o Orçamento de Estado foi aprovado, se aquela "fosse equilibrada e proporcionada poderia ser compreensível e aceitável pela situação que a sociedade portuguesa estava, e ainda está, a atravessar". Mas, adiantou, ter discordado da taxa porque esta "atingiu de forma desproporcionada a REN". .Na próxima assembleia geral da REN, marcada para 03 de abril, onde o nome de Rui Vilar deverá ser aprovado para novo presidente da empresa, substituindo Rui Cartaxo, o gestor diz que "vai começar a ser preparada a transição para um novo modelo de 'governance' com separação de 'chairman' [presidente do conselho de administração] e de CEO [presidente da comissão executiva] ".."Esta assembleia anual é para aprovação de contas e não vai estar nada que tenha a ver com revisão de linhas estratégicas, vão estar temas que tenham a ver com a aprovação de contas e temas de 'governance'", sublinhou Rui Cartaxo. .Além disso, adiantou, será eleito "um novo presidente até ao final deste mandato. Não vão estar em discussão os corpos sociais para o mandato que começa em março de 2015"..Rui Vilar vai, assim, assumir funções numa altura em se prepara a última fase de privatização da empresa, com a venda de 11% que o Estado detém na empresa, uma operação que deverá ocorrer ainda durante o primeiro semestre deste ano, tal como o agora administrador da REN confirmou em declarações à Lusa na passada quinta-feira..Sobre a última fase de privatização, Rui Cartaxo, o atual presidente da REN disse que do que conhece do modelo a definir pelo Estado, esta será feita "por dispersão de capital, o que vai permitir aumentar a liquidez da empresa", um modelo com o qual concorda "perfeitamente" e que defende "há muito tempo" porque "vai beneficiar todos os acionistas da REN"..Para Rui Cartaxo, esta operação não vai ser minimamente afetada pela sua decisão de deixar a REN "porque os investidores conhecem bem a empresa e a nova liderança é altamente credível, ou seja, Rui Vilar. E sabe-se que será o Dr. Rui Vilar que vai liderar a transição para a um novo modelo de governação e, em particular, o processo de escolha do novo CEO". .Quanto ao período escolhido para realizar a operação, o ainda presidente da REN considera que "a empresa está preparada para a fazer e que esta é uma boa altura, porque a perceção externa sobre Portugal tem estado a melhorar, como é percetível pelos últimos dados"..Quando questionado sobre a possibilidade de um dia a REN se tornar numa empresa totalmente de capital estrangeiro, Rui Cartaxo responde: "O importante é que empresas com as características da REN estejam enquadradas por contratos de concessão benfeitos, por uma regulação benfeita e independente e é por ai que o interesse público fica defendido, não pela propriedade do capital." .E garantiu: "os contratos de concessão da REN estão benfeitos em termos de defesa do interesse público"..Na opinião de Rui Cartaxo, "os consumidores beneficiam com a privatização deste tipo de empresas, porque estas tem mais pressão da parte dos acionistas para serem cada vez mais exigentes com os seus custos e cada vez mais eficientes. E nestas empresas reguladas os ganhos de eficiência são partilhados entre os consumidores e as empresas". .ATR // VC